terça-feira, 16 de agosto de 2016

Puerpério/Baby Blues (porque é tão difícil?!)

Dizem que as mães "esquecem" as dores que sentiram no parto, pós parto... que Deus "apaga" essas dores da nossa memória de mãe. Será?
E nem estou falando de dor física não, eu falo de uma dor bem mais doída que essa.
Me lembro muito bem de todas as dores físicas que senti antes e depois de dar a luz (o pós parto de uma cesárea é sofrido demais minha gente!), e posso dizer que nenhuma dor física doeu mais que a tristeza que me bateu depois. Foi assustador. Primeiro me senti sozinha, muito sozinha. Mesmo que não estivesse. Eu tinha muito medo de fazer tudo errado, do meu filho chorar e eu não saber o que fazer, dele engasgar, ou pior, dele parar de respirar. Quando ele finalmente dormia, era a minha chance de descansar, mas eu não conseguia. O coração estava cheio demais, e a cabeça também. Eu chorava, chorava, chorava... e não entendia porque eu estava tão desolada. Minha vida tinha virado de ponta cabeça. De um dia pro outro eu deixei de ser a prioridade, deixei de receber colo, massagens nos pés... e estava ali, sendo mãe sem nunca ter aprendido como fazer isso. Estava ali ainda com dores, com a barriga cortada e os seios cheios de leite, super machucados, sem saber direito como colocar em prática todos os vídeos e textos que eu havia visto durante os nove meses anteriores. Ilusão! Só na prática você descobre o que funciona pra você. Eu me olhava no espelho e já não me reconhecia. "Meu Deus, que cabelo é esse? E essas olheiras? Minha barriga nunca mais vai desinchar???" Desespero me definia. E fora toda essa bagunça emocional, ainda tinha que lidar com a dor do início amamentação. A produção em demasia de leite. Os seios duros, empedrados. O bebê chorando, tentando sugar. O leite espirrava no rosto dele, mas a nossa falta de experiência + pega incorreta do bico, fizeram que os primeiros 15 dias fossem os mais cruéis. Ele chorava de um lado, eu chorava do outro. Foi difícil demais.
Os milhares de hormônios fazendo a festa dentro de mim contribuíam para que eu achasse tudo ainda mais exaustivo. E eu chorei, não queria receber ninguém... (mas recebi, porque infelizmente muita gente não entende/respeita). Enfim, até que um dia, numa dessas minhas crises de choro, eu ouvi: "você não está feliz?! Tantas mulheres queriam estar no seu lugar, sabia?!" E se eu já estava me sentindo péssima e super culpada, com certeza eu fiquei ainda pior. Mas não culpo a pessoa que me disse isso. Realmente, olhando de fora, quem nunca passou por isso, acha que é frescura. Não entende mesmo. Acho que nem eu entenderia antes de ter um filho.
Essa tristeza no pós parto tem nome, hoje eu sei: P U E R P É R I O - PUERPÉRIO!
Essa tristeza que a gente sente também é conhecida como "Baby Blues". Dura de 1 a 3 meses, e é absolutamente NORMAL! Não sinta-se culpada por se sentir assim! São os hormônios que fazem isso com a gente, são as mudanças todas ao mesmo tempo! Sua vida é outra e seu cérebro ainda está aprendendo a lidar com tudo isso. Mas calma, vai passar! Eu juro que passa. E entender que é normal e que você não é uma péssima mãe por se sentir assim já ajuda muito! Se você não quiser receber visitas nesse período, é um direito seu! Não receba! Eu me arrependo de ter recebido. Não era a hora, eu não estava pronta. Precisava de mais tempo sozinha com meu filho, e marido. Estávamos nos adaptando aquela nova vida, nosso novo mundo. Quando vem alguém te visitar ele traz consigo conselhos, palpites, bactérias (risos), tudo o que você menos precisa nesse momento. Só receba quem você tiver certeza que vai te fazer sentir melhor, que vai te acolher e ajudar nesse período de adaptação.
Seria ótimo que todos soubessem que as visitas no pós parto não são apenas para conhecer o bebê. São para a mãe também! Ela também acabou de nascer. Nasce um filho, nasce uma mãe (e no meu caso, nasce também um pai, e uma família!)
Mas enfim, depois de 1 mês, eu já não sentia dores ao amamentar, e pude conhecer a magia desse momento maravilhoso entre mãe e filho que tanto tinha ouvido falar. E de verdade, consigo amar ainda mais meu filho enquanto o amamento, é realmente algo inexplicável.
E aquela tristeza que eu senti também foi embora logo no primeiro mês (Graças a Deus!), e claro, graças ao imenso apoio que tive do meu marido, que foi a pessoa que mais esteve comigo nessa longa e intensa jornada.
Todos sabem que eu quero ter mais um filho/filha no futuro, mas se tem algo que me assusta é o medo de sentir tudo isso de novo. Medo desse PUERPÉRIO maldoso!
Bom, enfim, apesar de todas essas dores emocionais que vieram junto no pacote da maternidade, eu NUNCA me arrependi de ser mãe, NUNCA nem por um milésimo de segundo, deixei de amar meu filho, muito pelo contrário, depois de tudo isso eu passei a ama-lo ainda mais, se é que isso é possível! E tudo que é difícil te faz muito mais forte e capacitada: te faz mãe!

Um comentário:

  1. A última coisa que as mães precisam sentir nesse período é culpa, mas é o que acaba sendo mais recorrente.

    ResponderExcluir