terça-feira, 1 de novembro de 2016

Não é coragem, é AMOR!

Esses dias, encontrei uma conhecida em um supermercado. Ela não me via há meses,  desde que eu estava grávida. Quando me viu com meu filho no colo, cabelo preso, roupa comum, sapatos baixos, percebi o grande espanto. Conversamos por alguns (poucos) minutos, e ela já me fez a tradicional pergunta:
-E aí, quando volta ao trabalho?
-Não volto. Optei por ficar um tempo em casa com meu filho. - respondi. Era nítido o espanto/surpresa/indignação no olhar dela:
-"Nossa, que coragem!" - Eu abaixei minha cabeça, senti o cheirinho do cabelo dele, que já havia dormido no meu ombro, e tive forças para responder: -"Não é coragem, é AMOR!". Acabou a conversa, nos despedimos, e eu fiquei pensando naquilo por dias.
Não é por coragem que muitas mães levantam cedo para trabalhar, precisam tirar seu filho da cama, deixá-lo com uma babá, ou em uma escolinha, ou, na melhor das hipóteses, com a avó. Enfrentam horas no trânsito, passam o dia inteiro pensando e morrendo de saudade, com o coração na mão, imaginando todos os momentos que poderiam estar vivendo juntos, mas precisou abrir mão disso para garantir que ele não passe nenhuma necessidade, tenha o melhor, que muitas vezes ela mesma não teve. Precisa estar ali, se dedicando ao máximo, segurando o choro, com o coração apertado de saudade, e a vontade imensa de voltar para casa. Chegam em casa, cansadas, mas precisam aproveitar ao máximo os minutos que restaram, e a correria continua até a hora de dormir - trabalhar fora, cuidar do filho, cuidar da casa.
Também não é por coragem que muitas mães abrem mão do seu emprego de anos, muitas vezes com uma carreira estável e ótimo salário, pela satisfação de participar do crescimento do seu filho. Se dedicam 24 horas por dia em casa, aprendem a se colocar em segundo plano, as vezes deixam o cabelo, a maquiagem, unhas e roupas novas pra depois. Mudam suas prioridades, vivem a maternidade como ela é, nua e crua. Se desdobram, sentem um medo absurdo de errar, são julgadas o tempo inteiro. De repente a profissional virou dona-de-casa, mãe de família. Sabe aquela uma hora de almoço em que você pode comer sentada, e fazer o que bem quiser? Essa mãe não consegue fazer isso. Mesmo estando o dia todo em casa, acredite, ela não consegue tempo as vezes nem pra ir ao banheiro!
Não é nada fácil, em nenhuma das situações, e sabe de uma coisa? Não é por coragem que fazemos isso. É por AMOR!
Única e exclusivamente por isso. E isso acontece todos os dias. Algumas superam com mais facilidade que outras, vivem outras experiências, mas da mesma forma não são mais nem menos "corajosas" por isso. O amor é  o mesmo, e é isso que nos faz mais fortes.
Não é coragem, é Amor!

Por Ana Beatriz Sonoda.
Se compartilhar, gentileza dar os créditos.

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